quinta-feira, 15 de março de 2012

As árvores também choram


Já se aperceberam alguma vez, quando colocam lenha na lareira e ela começa a queimar… que, por vezes surgem uns pequenos sons sibilantes? Como que pequenas vozes que se fazem ouvir.
Quais fadas de um sonho numa noite de Verão de um conto de Shakespeare!
Parecem os seus últimos suspiros, porém, ainda há vida naqueles pedaços de madeira decepados e separados uns dos outros. Mesmo assim unem-se numa só “voz” e “falam” em uníssono enquanto ardem. Mas só no inicio, remetendo-se após isso ao silêncio sem esperança de que mais alguém oiça.
Assim como eu já ouvi, certamente alguns de vós também já ouviram.
E que tem isso de especial? Para vós não sei, mas a mim leva-me a:
Provérbios 15.4 - A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito.
A natureza tem destas coisas, especialmente a minha que inspira-se em pequenos detalhes como esses para escrever estas palavras.
E enquanto isso eu pergunto-me porquê. Porque é que por vezes também só falamos quando já estamos a queimar? E porque é que são poucos os que nos ouvem? Porquê isto se é tão fácil dar uma palavra que nos faça reerguer das cinzas.
Por isso, estejamos atentos aos pedaços de lenha que ardem ao nosso redor. Nunca se sabe o dia em que um de nós será um desses pedaços ardentes. E como seria bom nessa altura encontrarmos uma língua serena que nos volte a restituir para a condição de árvores - Enraizados, frutíferos e resistentes às intempéries da vida e das línguas que quebrantaram o nosso espírito com sua perversidade.
E sejamos nós mesmos detentores dessa língua serena que tente
apagar o ardor da angústia, da perda, da desilusão e que apazigúe tantas outras dores.
Porque, se as árvores também “choram” mesmo após serem despedaçadas… quanto mais nós seres humanos. E acima de tudo, que nem sempre seja esse choro feito em silêncio.

Este artigo é da autoria de – Liliane Mira.

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